O MENINO DO GIBI
Quando
estava embarcando no Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, telefonei
para o meu parceiro,
amigo e xará Roberto Fontes. “Alguém bom, por aí, para a gente entrevistar mais
tarde? Chego daqui a três horas em Natal”. Ele respondeu que me diria qualquer
coisa no desembarque. Ao chegar ao Aeroporto Augusto Severo, em Parnamirim, Roberto
já tinha uma resposta – que, por sinal, era muito melhor do que a encomenda.
“Falei com Moacy Cirne. Ele topou. Mas temos que chegar na casa dele às seis da
tarde”. Foi só o tempo de eu beijar meus pais, deixar a pequena mala de duas
noites no apartamento deles, e correr para o compromisso. Diferente de Bob
Fontes – que torce pelo mesmo tricolor fluminense e é quase conterrâneo do
entrevistado – eu estou mais para o Vasco da Gama e não conhecia pessoalmente Moacy.
Foi um prazer ter a oportunidade de passar quase duas horas ouvindo uma
história que começou em São José do Seridó e ganhou o mundo. Professor, jornalista,
poeta, artista visual, escritor, especialista em cinema e quadrinhos, um dos
fundadores do poema-processo, aposentado... Abimael Silva, do Sebo Vermelho,
participou da entrevista quando o tema foi Chico Doido de Caicó. Um resumo da
conversa está aqui, à disposição do leitor. (robertohomem@gmail.com)
SUPERPAUTA – Onde
começou a sua história?
MOACY – Nasci no
ano de 1943 em São José da Bonita, que era um distrito de Jardim do Seridó. Em
1962 o município se tornou independente e recebeu o nome de São José do Seridó.
Muito cedo, meu pai se mudou para Jardim do Seridó e, logo em seguida, para
Caicó. Com dois anos e meio, fui morar em Caicó. Lembro-me da mudança, do
caminhão chegando a Caicó, à Rua Augusto Monteiro. Nossa família foi morar
perto de onde antigamente era o quartel de polícia. Hoje é a rodoviária, mas já
foi hospital. Morei ali por perto. Na esquina tinha um curral. A rua terminava em
um curral. Caicó terminava em um curral! (risos).
SUPERPAUTA – Fale sobre
seus pais.
MOACY – Meu pai se
chamava Luís da Costa Cirne e era comerciante. Praticamente sem estudos,
conquistou sua clientela de uma forma extraordinária, para a época. Em Jardim
do Seridó, perto da praça principal – no caminho de Caicó - ele tinha uma
bodega onde vendia peças de automóveis. Naquela época, todos os carros e
caminhões passavam por ali. Todo caminhoneiro que parava, independente de
comprar alguma coisa ou não, ganhava do meu pai uma lapada de cachaça. O cara
não comprava nada na primeira vez, nem na segunda, mas na terceira ele se
sentia na obrigação de comprar.
SUPERPAUTA – Hoje essa
estratégia não daria certo, por causa da Lei Seca.
MOACY – Quando meu
pai foi para Caicó, levou parte da clientela que tinha em Jardim. Sobretudo os
caminhoneiros. Detalhe é que ele dava a cachaça, mas só para o pessoal de fora.
O pessoal da terra tinha que pagar, se quisesse beber. Depois de certo tempo, meu
pai passava a cobrar também do pessoal de fora. A ideia de distribuir cachaça
para conquistar clientes foi bem a frente da época, por volta de 1944. Quem não
queria cachaça de graça? Já a minha mãe, Nadi, era doméstica. Meu nome é Moacy
da Costa Cirne. Moacy com “y” e sem “r”. Acho que foi erro do escrivão. Mas
ficou.
SUPERPAUTA – Como foi a sua
vida em Caicó?
MOACY – Eu era
conhecido como “o menino do gibi”. Toda quinta-feira, “seu” Benedito vendia na
calçada de sua casa as revistas em quadrinhos que comprava em Recife. Ele tinha
um caminhão e trazia mil coisas para vender em Caicó, inclusive os gibis. Às
vezes ele só chegava na sexta de manhã. Eu ficava lá, de plantão, esperando por
“seu” Benedito. Comecei a comprar essas revistas aos sete ou oito anos.
SUPERPAUTA – Seus pais
estimulavam a leitura de gibis?
MOACY – Meu pai dava
o dinheiro, mas não estimulava, nem era contra.
SUPERPAUTA – Como foi
seu primeiro contato com os gibis?
MOACY – Descobri o
cinema muito cedo. Entrei de graça no Pax, até o dia em que “seu” Clóvis
perguntou a minha idade. Quando respondi que tinha sete anos, ele disse: “a
partir de amanhã você começa a pagar”. Nunca esqueci (risos). Talvez meu
primeiro contato com os gibis tenha sido por meio da revista Tico-Tico. Aprendi
a ler com ela. Frequentei uma escola que depois deixou de existir, a Escola de
Teresa Mota, que ficava na Rua do Serrote. As revistas em quadrinhos eram
baratinhas, não tinha esses luxos de hoje. Custavam alguns centavos.
SUPERPAUTA – Que gibis
você encontrava nessa época?
MOACY – “Seu”
Benedito trazia exemplares de todos os gibis que vendiam em Recife: Batman,
Super-Homem, Tarzan, Durango Kid, Fantasma... Nessa época, Fantasma vinha em
histórias isoladas, só depois passou a ter revista própria. Lá em Caicó ainda
alcancei revista própria do Fantasma e do Mandrake.
SUPERPAUTA – Você foi um
bom aluno?
MOACY – Médio. Monsenhor
Walfredo Gurgel foi meu professor. Ele tinha um detalhe curiosíssimo: gostava
muito de futebol e era vascaíno doente! Suas aulas eram de francês e português.
Toda segunda-feira, monsenhor Walfredo Gurgel fazia uma chamada oral de uma das
duas disciplinas. Quando o Vasco ganhava no domingo – felizmente o Vasco tinha
um bom time naquela época – era dez pra todo mundo. Era dez a granel! Em
compensação, quando o Vasco perdia, para tirar um cinco ou um seis era duro. Foi
uma grande figura. Fui aluno também do Padre Galvão, que não é mais padre.
Mulherengo...
SUPERPAUTA – Até mesmo
quando ainda usava batina?
MOACY – Claro! Segundo
as más ou boas línguas – eu não saberia dizer – certa vez ele levou uma surra
tão grande de um marido, que passou a andar armado. Ele dava em cima de todo o
mundo. Aproveitava para cantar as mulheres no confessionário. Também me lembro
dos padres Guerra e João Agripino Dantas. Hoje Agripino está bem velhinho. Ele
é um homem bastante culto. Nunca esqueci um diálogo entre ele e a turma. Eu
estava lá, quando um aluno perguntou: “padre, o que o senhor faria se ficasse
sozinho com uma mulher em uma ilha deserta, só os dois?”. A resposta que ele
deu, bem tranquilo, foi: “eu não quero viver essa situação” (risos). Esse é dos
bons... Mas a carne é fraca. Naquela época não existia pedofilia... Quer dizer,
se existia, ninguém sabia. Mas o que existia mesmo era o padre mulherengo.
SUPERPAUTA – Talvez
existisse o ato, mas não havia tanto alarde.
MOACY – Talvez o termo
não circulasse. Tinha o professor Levi, de Matemática, que foi para Brasília e
lá morreu. Ele era um educador duro, mas só durante o ano. No final, abria as
pernas e dava as notas que os alunos precisavam para passar. Tinha um professor
de música, que era da banda. Ele era o chefe da “Furiosa”.
MOACY – Com seis ou
sete anos. Mas lembro de ter visto um filme em Jardim, projetado num lençol branco,
na prefeitura, quando eu estudava no grupo escolar. Foi o musical “No, no,
Nanette!”. Lembro também do primeiro filme que vi em Caicó, no Cine Pax. Dia
desses tive uma grande alegria quando encontrei no Youtube esse filme, completo.
Vi todinho. Ele é péssimo, mas me diverti muito. “Aloma, a virgem prometida”. Devo
ter visto esse filme por volta de 1948, ou, no máximo, 1949. Eu tinha cinco
anos.
SUPERPAUTA – Naquela
época já tinha produção, digamos, pornográfica?
MOACY – Quem
projetava os filmes no Pax era Valdemir, que depois se tornou um dos
responsáveis pelo Corintians, o clube. Teve um filme que aparecia uma mulher
com o peito de fora. Eu estava lá, na primeira sessão do primeiro dia, e vi. Quem
viu ficou ouriçadísismo, com a cena. Claro que permaneci no cinema, para ver de
novo. Só que, na segunda sessão, na hora em que ia surgir a cena do peito,
Valdemir colocou a mão na frente. Ele repetiu esse gesto todas as vezes que o
filme passou a partir daí. A gente só via o vulto. A plateia revidava com uma
sonora vaia. Lembro também do primeiro filme que passou em Caicó e foi proibido
para menores de 18 anos. Hoje passaria na Sessão da Tarde, da TV Globo.
“Gilda”. Os filmes estreavam no Pax aos domingos. Seu Clóvis, o gerente e um
dos donos do cinema, não avisou a ninguém que menores de 18 não podiam entrar
para ver “Gilda”. Chegamos lá, como sempre - eu e um bando de garotos. Não
pudemos entrar. Frustração geral. Isso atiçou ainda mais a nossa imaginação.
“Deve ser o máximo”. Como ninguém tinha o que fazer, na segunda-feira resolvemos
ir para a frente do cinema só para peruar e ver se “seu” Clóvis abria uma
exceção. Ao chegarmos, descobrimos que na segunda-feira a sessão era livre. O
mesmo filme. A partir daí, todos os filmes exibidos aos domingos passaram a ter
censura 18 anos. Podia ser a comédia mais inocente do mundo. A explicação do “seu”
Clóvis é que no domingo era para a família. (risos). Na segunda era para a
gandaia.
MOACY – Teve um
período de 1957 que moramos em Natal. Mas a minha mãe faleceu e voltamos para
Caicó. Ficamos dois anos em Caicó e voltamos de vez, para Natal, em 1960. Mas,
na verdade, eu não tive escolha quando mudamos. Uma coisa que achei bom na
mudança foi que em Natal tinha mais filmes do que em Caicó. (risos).
SUPERPAUTA – Só que a
censura não era por dia, mas por idade...
MOACY – É. Em Natal
fui proibido duas vezes de entrar no cinema. Um filme com Brigitte Bardot e
outro que nem lembro mais qual foi. Era censura 18 anos, e eu tinha 15. Tive
que assistir depois.
SUPERPAUTA – Quando você
mudou para Natal, foi morar onde?
MOACY – Antes - de
dezembro de 1952 até fevereiro de 1953 - nós passamos as férias na casa de uma
tia de minha mãe. Essa amiga tinha viajado para São Paulo. Sua casa era na
Deodoro, quase esquina com a Mossoró. No primeiro dia fui ao Rio Grande. Aliás,
vocês sabiam que a Mossoró, nos anos 1920, era uma rua de puteiro? Sabe como
era o nome? Não era o nome oficial, mas o primeiro quarteirão da Mossoró era
conhecido como “Rua do Vai Quem Quer”. E sabe como era o nome do Beco da
Quarentena? Ainda não tinha puteiro, na época. Chamava-se Rua das Donzelas.
(risos). Natal também tem suas histórias interessantes... Mas, respondendo à
sua pergunta, quando mudei para Natal fui morar na Rua Mipibu, perto do Juvenal
Lamartine.
SUPERPAUTA – Onde você
comprava quadrinhos, em Natal?
MOACY – Em algumas
bancas, mas existia uma casa chamada Agência Pernambucana, na Tavares de Lyra.
Lá vendia não apenas quadrinhos, mas outras coisas. Mas essa foi uma fase que
comprei pouco quadrinho. Comecei a comprar muito livro, livro, livro...
SUPERPAUTA – Quando os
quadrinhos deixaram de ser apenas prazer e se transformaram em objeto de estudo,
para você?
MOACY – Por volta
de 1967, quando um texto sobre o cinema – que é uma das minhas paixões - chamou
atenção para o quadrinho como linguagem. Como eu já procurava estudar linguagem
do cinema, vi que tinha tudo a ver e entrei também no estudo dos quadrinhos. Em
Natal tive uma coluna na Tribuna do Norte, sobre cinema, em 1963/64. Escrevia
junto com o amigo, poeta e professor da UFRN, Paulo de Tarso. Como éramos dois,
a coluna se chamava “O mundo e nós”. Ele escrevia sobre assuntos gerais e eu
sobre cinema. Às vezes, Paulo de Tarso também metia o bedelho em cinema. Só
comecei a escrever sobre quadrinhos, em revista, no Rio de Janeiro.
SUPERPAUTA – Como foi a
mudança para o Rio?
MOACY – Eu já
achava Natal uma cidade pequena para os meus interesses. Minha ideia inicial
era ir morar em Recife, Rio ou São Paulo. Optei pelo Rio quando conheci a
cidade ao participar de um encontro de cineclubistas. Quem pagou minha passagem
- naquela época era fácil conseguir (não sei se hoje seria) - foi o então
governador Walfredo Gurgel. Não ele, o governo. Antes, eu tinha passado férias
em São Paulo. Na decisão de 1959, eu estava no Pacaembu. Tinha 17 anos. O
Palmeiras foi campeão, enfrentando Pelé e tudo o mais. O Santos fez um a zero,
gol de Pelé. Eu já tinha simpatia pelo Palmeiras, mas fiquei na torcida do time
por causa de um tio, que era palmeirense doente. No Rio, como eu, ele também torcia
pelo Fluminense. Naquela época era comum quem torcia pelo Palmeiras, em São
Paulo, torcer pelo Fluminense, no Rio. E vice-e-versa. Talvez por ambos serem times
da colônia italiana... A disputa do estadual foi em uma melhor de três. Nos
dois primeiros jogos, houve empate. O terceiro, esse que assisti, decidiria o
campeonato de qualquer forma. Vitória simples daria o título a qualquer um dos
dois. Antes dos 15 minutos, Pelé marcou o primeiro. Lembro-me da torcida do
Santos comemorando. No final do primeiro tempo, o Palmeiras empatou e, no
início do segundo, marcou o gol da virada. Esse resultado ficou até o final. A
decisão de 1959 foi disputada em janeiro de 1960. Fiquei em São Paulo de 20 de
dezembro de 1959 até 10 de fevereiro de 1960. Quando a bola sobrou para o Pelé,
eu pensei logo que seria gol. E foi. Sua fama já era conhecida. Eu já tinha visto
Pelé no cinema.
SUPERPAUTA – Como surgiu
sua paixão pelo Fluminense?
MOACY – Passei a
torcer pelo time influenciado pelos meus tios e pela admiração que eu sentia
pelo Castilho e também pelo Telê. Mais pelo Castilho. Vi o Fluminense pela
primeira vez em janeiro de 1959, em Campina Grande. O Fluminense venceu o Treze
por 4 a 0. Foi uma vitória tranquila. Durante o jogo todo, Castilho só defendeu
uma bola. Para mim foi o suficiente.
SUPERPAUTA – E o Rio?
MOACY – Ainda
morando em Natal, ganhei um prêmio nacional de literatura promovido pelo Jornal
de Letras. Peguei o dinheiro da premiação e investi em uma passagem para o Rio
de Janeiro. Eu já tinha entendido que, para sair de Natal, o caminho não era
Recife, mas uma coisa maior: ou Rio ou São Paulo.
SUPERPAUTA – Em qual das
idas ao Rio se deu seu contato com a poesia concreta?
MOACY – Conheci “en
passant” esse movimento em Natal, em 1966. A gente lia muitos jornais do Rio e
de São Paulo, como o Estadão e o Jornal do Brasil. Naquele mesmo ano - na
viagem patrocinada por Walfredo Gurgel, para o encontro de Cineclubistas -
encontrei na Livraria São José, no Centro do Rio, vasto material sobre a poesia
concreta. Trouxe muitos livros e mostrei ao pessoal. Éramos um grupo novo:
Falves Silva e Anchieta Fernandes faziam parte. Estudamos aqueles textos e
vimos que era um caminho interessante a seguir. Detalhe é que naquela época,
para aparecer no meio intelectual da cidade, era comum ser apadrinhado por
Câmara Cascudo. Talvez até independente dele, acho que Cascudo nem procurava
isso. Nós não tínhamos nada contra Câmara Cascudo, mas pertencíamos a outra
geração. Não íamos seguir as pegadas dele, mas o nosso movimento não era contra
o Cascudo. Apenas nos propusemos a fazer outra coisa. Esse material veio na
hora certa. Quando voltei de vez para o Rio, em março de 1967 - um dia antes do
meu aniversário - comecei a ter contato com muita gente. Alguns eu conhecia
através de livros. Na história específica do poema/processo, fiz a ponte entre
o Rio e Natal do material de Wlademir Dias-Pino.
SUPERPAUTA – Por que a
opção de deixar a poesia concreta e investir no poema/processo?
MOACY – A gente
achou que - da mesma forma que Cascudo - a poesia concreta era uma referência
cronológica já superada. Foi basicamente isso. Pode até ter sido um pouco de
pretensão e atrevimento, mas a gente achou que o poema/processo foi um passo
adiante. A gente não combateu, propriamente, a poesia concreta. Só entendeu que
estava um passo além.
SUPERPAUTA – Cascudo se
pronunciou a respeito do poema/processo?
MOACY – Não, ele
foi muito elegante, digamos. Nem a favor, nem contra. Todos os amigos dele
foram contra, mas Cascudo ficou na dele. Depois, o pessoal aqui de Natal até
tentou brigar com Cascudo. Houve uma série de problemas. Eu, lá no Rio, não me
meti. Vi que era história de natalense e preferi não me envolver. Cada um tem
vida própria, faz o que bem entender com ela. Resolvi continuar com a minha
vida por lá, até porque já estava envolvido com a crítica de quadrinhos, já estava
publicando o primeiro livro no Brasil sobre histórias em quadrinhos.
MOACY – O título é “A
explosão criativa dos quadrinhos”, publicado em 1970. É uma introdução aos
quadrinhos. Na mesma época, Álvaro de Moya também pesquisava sobre quadrinhos. Ele
estava preparando uma coletânea de artigos sobre o tema. O meu livro saiu antes
do dele, mas foi coincidência. Como eu estava escrevendo sozinho, tinha mais
liberdade do que ele - que precisava consultar autores e manter outros contatos.
Um livro que reúne texto de vários autores tem outra mecânica, outra dinâmica. O
nome do livro dele é Shazam!, foi bem badalado na época. Depois eu soube que um
dos articulistas - ao ver o meu livro publicado - disse a Álvaro que eu tinha escrito
coisas no meu livro que ele precisava colocar também. O artigo dele tinha
ficado superado. Por conta disso, Shazam! atrasou mais ainda. Indiretamente, fui
meio que responsável por esse atraso.
SUPERPAUTA – Como foi
sua vida no Rio de Janeiro?
MOACY – Muito boa.
Primeiro, teve o Maracanã na minha vida. Teve o Maracanã no meio do meu caminho,
sobretudo depois que eu vi o Fluminense campeão em cima do Flamengo, em 1969,
com 130 mil pessoas no estádio. Nunca vou me esquecer desse fato. Era dez vezes
mais gente do que a população de Caicó, na época. Na verdade, tinha um pouco
menos, pois Caicó já devia ter uns 20 ou 22 mil habitantes. Mas, 130 mil era
gente pra danado! Nunca pensei que veria o Fluminense decidindo um campeonato. O
Carioca, na época, era muito forte. Claro que dois terços da torcida eram do
Flamengo, mas não interessa.
SUPERPAUTA – Você também
estava presente na chamada invasão corintiana ao Maracanã, em 1976?
MOACY – Sim, mas eu
discuto muito esse termo “invasão corintiana”. Realmente, tinha muita gente,
mas eu não chamaria de “invasão”. Isso é coisa de corintiano. Não é verdade que
tinha mais corintiano do que tricolor. É simples provar. Basta pegar a
estatística do público presente. Tinha 160 mil pessoas. O presidente do
Fluminense, Francisco Horta, mandou 40 mil ingressos para São Paulo. Digamos
que além desses 40 mil, outros 10 mil corintianos conseguiram comprar o
ingresso no Rio. E mais uns dez mil cariocas que não simpatizavam com o
Fluminense e foram torcer pelo Corinthians ou ficaram indiferentes. Já era
muita gente, mas o público presente foi de 160 mil! Quem eram esses 100 mil?
Claro que torcedores do Fluminense. Hoje em dia essa cena não se repetiria, até
porque o time visitante só recebe uma cota pequena de ingressos. Naquela
ocasião, Francisco Horta, para provocar os corintianos, colocou à disposição 40
mil ingressos. Ele foi um grande presidente, mas tinha esses rompantes.
SUPERPAUTA – O time do
Fluminense era muito melhor do que o corintiano.
MOACY – Era mesmo,
mas caiu uma chuva desgraçada, antes do jogo, e nivelou por baixo. O
Corinthians terminou vencendo nos pênaltis.
ZONA SUL – E a vida
profissional no Rio?
MOACY – Nos anos
1970, escrevi em publicações como a Tribuna da Imprensa e o Jornal do Brasil.
No período de 1971 a 1980 fui editor da Revista de Cultura Vozes, da Editora
Vozes. Na época tinha bastante prestígio, era uma publicação de estudos
universitários. Nesse mesmo ano, entrei na Universidade Federal Fluminense. Fui
professor do Departamento de Comunicação Social. Eu dava aulas para os alunos
de jornalismo, cinema e publicidade. Fui professor de muita gente que hoje está
no mercado de cinema e jornalismo, sobretudo.
SUPERPAUTA – Por
exemplo...
MOACY – Mel Lisboa,
que fez sucesso interpretando Anita, na Rede Globo. Mylena Ciribelli, que
trabalha com jornalismo esportivo, também foi minha aluna. Ana Paula Padrão foi
outra que estudou comigo. Tem vários outros jornalistas. Eu falava tanto em
Caicó, nas minhas aulas, que uma aluna, Marcia Paraíso, foi bater lá para
conhecer, em uma viagem que fez pelo Nordeste.
SUPERPAUTA – Você
perguntou o que ela achou da cidade?
MOACY – Não tive
coragem... (risos). Naquela época, Caicó não tinha nada e estava meio por baixo.
Foi entre os anos 1970 e 80. Eu não tive coragem de perguntar, mas ela teve
coragem de dizer que tinha conhecido. Teve um dia que levei chouriço para universidade,
em uma aula de cultura popular. Como tinha judeus na turma, fiz questão de
dizer que um dos ingredientes era sangue de porco, para evitar problemas. Inventei
que era um doce afrodisíaco de Caicó. Mas expliquei que, para se tornar
afrodisíaco, tinha que ser consumido à meia-noite de uma sexta-feira. Inventei
esse ritual. Quem provou disse que era afrodisíaco mesmo! Os alunos disseram
que o bicho funcionou.
SUPERPAUTA - Se não
funcionasse numa turma de 16 ou 17 anos, esses caras não prestavam pra nada...
(risos)
MOACY – Eu falava
tanto sobre Caicó e o Seridó que - assim como fui o “menino do gibi”, lá em
Caicó - na universidade me tornei conhecido como “o professor de Caicó”.
MOACY – Sim, é
dessa época. Ele foi lançado em 1991.
SUPERPAUTA – Conte um
pouco da história de Chico Doido. Como ele surgiu?
MOACY – Nei Leandro de Castro teria que ser ouvido também... Mas, Chico Doido surgiu no Balaio
Porreta, que era um fanzine que eu editava e distribuía no Instituto de Arte e
Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense. Publiquei os primeiros
poemas de Chico Doido no Balaio. Certa ocasião, eu estava com Nei em um bar, na
Cinelândia. Nei, então, perguntou ao garçom: “Escuta, aquele senhor que um dia
eu encontrei aqui com duas mulheres, dando gargalhadas imensas, que chamavam de
Chico Doido...”. O garçom confirmou: “eu lembro dele”. Nei insistiu: “Ele
gostava de recitar?”. “Ih, doutor... Recitava cada poema pornográfico, que só
vendo”. “É mesmo? Mas tem tempo que ele esteve aqui pela última vez?”. “Já tem
um bom tempo, nem sei por onde ele anda”... Nei emendou: “será que morreu?”.
SUPERPAUTA – Chico Doido
virou até peça de teatro!
MOACY – Sim, mas
antes, quando anunciei a morte de Chico Doido no jornal, uma de minhas alunas
chorou no meu ombro. “Ah, professor, você já soube que Chico Doido morreu?”. Ela
chorou mesmo! Eu tinha marcado o encontro dele com os alunos e alunas da
universidade. Já tinha até agendado o dia. “E agora, como é que eu faço?”. O
final da nota fúnebre, no Globo, dizia: “Não precisa rezar pela minha alma”.
(risos). Mas a peça ficou em cartaz dois meses em um teatro nobre de Copacabana.
Depois ficou mais dois meses na Lapa. Teve uma noite reservada só para as
prostitutas da Lapa... Lotou! Elas adoraram.
SUPERPAUTA – A peça reunia
os poemas de Chico?
MOACY – Sim, os
poemas do livro. Quem escolheu foi o próprio diretor e ator que interpretou
Chico Doido: Leon Góes, filho de Moacyr de Góes. O livro faz parte da Coleção
João Nicodemos de Lima, da Editora Sebo Vermelho. O nome dele é "69 poemas
de Chico Doido de Caicó". Assisti à peça 28 vezes, incluindo os ensaios.
Cinco ou seis vezes eu estava lá atrás do palco, desejando “merda” a todo
mundo. É hábito. Certa noite tocou o celular de uma moça na plateia. Leon pegou
o celular e atendeu. “Oi. Sou eu, Chico Doido. Ela está aqui comigo. Estamos
numa boa. Está ótimo!”. A moça ficou branca, verde, amarela... “Meu Deus do
céu, era meu namorado ligando do Canadá. E agora, o que eu faço?”.
SUPERPAUTA – Você pode
revelar quem era Chico Doido? Ele era duas pessoas? (pausa) Diante desse seu
silêncio, compreendemos que é uma pergunta difícil, não precisa responder.
MOACY – É difícil
porque o Nei Leandro não está aqui. Uma vez encontrei um ator pernambucano
muito conhecido no meio cinematográfico do Rio, chamado Emmanuel Cavalcanti. Ele
inclusive era conhecido do pessoal do Cinema Novo. Era um ator figurante, mas
trabalhava muito. Emmanuel chegou pra mim e garantiu que já tinha visto Chico
Doido na Feira de São Cristóvão. Garantiu!
SUPERPAUTA – Vamos
voltar um pouco aos quadrinhos... Quem são seus ídolos hoje?
MOACY – São ídolos
eróticos. Na verdade, hoje não tenho ídolos, mas autores preferidos. Naquela
época eu tive ídolos. Fui apaixonado por Dulçurosa Suíno, que vivia no meio dos
porcos, nas aventuras de Ferdinando. Tive também uma quedinha pela Violeta, que
disputava o amor do Ferdinando. Tenho meus bandidos preferidos, como o Doutor
Silvana, do Capitão Marvel, que não tem nada a ver com esse Capitão Marvel que
tem por aí. Não digo que Robin era uma das heroínas preferidas porque Robin se
passava por homem. (risos). Agora, sério. Eu já morava no Rio quando li uma
aventura do Batman na qual o Robin visivelmente sofre com ciúmes do Batman. Na história,
Batman supostamente se apaixona por uma mulher. O Batman apaixonado por uma
mulher, Ave Maria, era uma novidade tremenda! No final se viu que era apenas
uma artimanha dele para capturar a mulher, que era uma bandidona.
SUPERPAUTA – Super-Homem
seria o maior herói dos quadrinhos?
MOACY – Eu gostava
muito do Tarzan e do Capitão Marvel. Batman e Super-Homem nunca me encheram os
olhos. Também gostava muito do Ferdinando, até porque, o lugar onde ele morava,
Brejo Seco, era uma Caicó em miniatura. E tinha as duas mulheres apaixonadas
por Ferdinando.
SUPERPAUTA – Como você
situaria as histórias em quadrinhos com relação às demais artes?
MOACY – É uma arte
como as outras, está no mesmo patamar. Têm histórias boas e histórias ruins. A
partir dos anos 1960, passou a ter um quadrinho de arte. Os quadrinhos foram
muito valorizados na Europa, sobretudo na França e na Itália. Com relação ao
quadrinho erótico, gosto muito do italiano Milo Manara. Ele desenha umas
mulheres belíssimas. O Manara chegou a fazer uma história em quadrinhos com
Frederico Fellini, que era um grande fã das hqs e pouca gente sabe. Fellini escreveu e Manara desenhou. Ela foi
publicada no Brasil com o nome de Viagem a Tulum. O ator Marcelo Mastroianni e
o próprio Fellini são personagens. Costumo dizer para os meus amigos que é o
último grande filme do Fellini, esse Viagem a Tulum.
SUPERPAUTA – O nível dos
quadrinhos brasileiros pode ser comparado ao europeu e ao norte-americano?
MOACY – Já tem
muita coisa boa, mas comparado, propriamente, não.
SUPERPAUTA – Quem faz o
melhor quadrinho no mundo?
MOACY – Os Estados
Unidos continuam a fazer um bom quadrinho. A França e a Itália também.
SUPERPAUTA – E dos
japoneses, você gosta?
MOACY – Não, é
muito mangá para o meu gosto.
SUPERPAUTA – No Brasil,
quem faz um bom quadrinho?
MOACY – Tem o Luis
Gê, em São Paulo; o Laerte é mais antigo, mas o filho dele está fazendo um bom
quadrinho. Maurício de Souza é uma referência muito boa.
SUPERPAUTA – O que você
acha da versão digital do quadrinho?
MOACY – Não acho
nada, porque não acompanho. Tive acesso, já vi, mas sou da geração do papel, do
livro. Até isso aí (apontando para o Iphone que gravava a conversa), para mim é
um bicho meio estranho.
SUPERPAUTA
– Isso é um gravador.
MOACY – Um
gravador? Eu nem sabia o que diabo era. O meu celular é pré-histórico.
SUPERPAUTA – Ziraldo faz
um bom quadrinho?
MOACY – Ele foi
muito importante. O Pererê é realmente muito bom. Tem outras coisas boas de
Ziraldo, como Supermãe e, um pouco menos, Menino Maluquinho. Até hoje ele
continua produzindo. Tem uma saúde de ferro. Ziraldo eu conheço bem.
MOACY – Ele já está
confessando que não é bem assim, que a idade está começando a pesar. Mas ele
tinha essa história mesmo. O pessoal mangava muito dele, por conta disso. Todo
mundo sempre achou que era invenção.
SUPERPAUTA – Você
publicou muitos livros, como por exemplo: Para ler os quadrinhos (1972),
Vanguarda: um projeto semiológico (1975), A poesia e o poema do RN (1979), Uma
introdução política aos quadrinhos (1982), A biblioteca de Caicó (1983),
História e crítica dos quadrinhos brasileiros (1990), Quadrinhos, sedução e
paixão (2000), Cinema Cinema (2002), A poética das águas (2002), A escrita dos
quadrinhos (2006), Dicionário
do Folclore Brasileiro: uma edição desfigurada (2010). Sobre qual deles você
gostaria de falar?
MOACY – Tem um
bocado, mas eu posso falar sobre o que está para ser lançado pelo Sebo
Vermelho: “Seridó, Seridós”. O livro reúne historinhas de várias cidades. Tem,
por exemplo, duas da minha terra, São José do Seridó. Uma delas eu ouvi quando
estive em um sítio chamado São Paulo e fui muito bem recebido por um fazendeiro
de São José. Ele, que já tinha uma certa idade, me ofereceu um almoço bem
sertanejo, farto à vontade. E ainda perguntou se eu tomava uma Coca-Cola. Foi
meio estranho, tinha tudo do Nordeste, só faltou o suco, mas tudo bem. Esse
senhor me contou que, quando jovem, uma moradora da fazenda se apaixonou por
ele. Como filho do fazendeiro, ele sabia que não podia ter um relacionamento
com a moça, mesmo também gostando dela. Ele resumiu, dessa maneira, sua
singular história: “o fato concreto é que ela sonhava comigo toda noite, daí
que terminou engravidando, de tanto sonhar comigo”. Eu insisti: “o senhor tem
certeza de que não teve nada com ela?”. O velho garantiu que não, que tinha
sido o poder do sonho. “Mas, como eu tinha certeza que a moça também não tinha
se envolvido com ninguém, eu resolvi dar uma pensão para a filha. Fui ali,
batata, todo mês pagava uma pensão para ela”.
SUPERPAUTA – Muito boa!
Você pode contar outra?
MOACY – Tem uma
ótima, passada em Jardim do Seridó. O time da casa disputava uma partida contra
a equipe de uma cidade vizinha. Contaram-me o fato sem especificar a cidade. O
jogo estava quase no final, zero a zero. Foi quando o juiz teve a coragem de
apitar um pênalti contra Jardim. Que cara louco! O goleiro de Jardim do Seridó,
que eu conheci, era um funcionário gordinho dos Correios. Nunca o vi jogar, mas
dizem que agarrava bem. Na hora da cobrança, o goleiro se posicionou de costas
para o batedor. Todo mundo ficou espantado. A torcida em silêncio,
ultra-apreensiva, e o batedor, nervoso, reclamou do juiz, alegando que o
goleiro o estava provocando. O árbitro respondeu que a regra não impedia o
goleiro se posicionar daquela forma e soprou o apito, ordenando que a penalidade
fosse cobrada. O batedor estava tão nervoso que chutou a bola em cima do
goleiro. O goleiro, seu nome era Garcia, quando sentiu a pancada, se virou e
ainda teve tempo de encaixar a bola.
SUPERPAUTA – Você ainda
mantém seus blogs na Internet? http://balaiovermelho.blogspot.com.br/
(Balaio Porreta 1986) e http://poemaprocesso67.blogspot.com.br/
(Poema / Processo 1967)
MOACY – Deixei de
lado porque estavam me dando muito trabalho. Como eu atualizava diariamente,
quando fiquei doente ficou mais complicado. Quando a gente está adoentado, tem uma
hora que termina cansando.
SUPERPAUTA – Ultimamente
você tem se envolvido na preparação de um livro sobre a Bíblia. Como será um
livro sobre a Bíblia escrito por um ateu?
MOACY – Eu digo
isso no livro: sou um ateu devoto de Nossa Senhora de Sant’Ana. (risos). Esse
livro será detestado pelos católicos, protestantes, judeus... Ninguém vai
gostar do livro.
SUPERPAUTA – Então já
nascerá um clássico...
MOACY – É uma pena
que ele não será tão conhecido ao ponto de eu ser excomungado. Eu adoraria ser
excomungado! (risos).
SUPERPAUTA - Nei Leandro
publicou recentemente - em sua coluna na Tribuna - que “Moacy Cirne agora só
quer saber da Bíblia”.
MOACY – Ele falou
isso? (risos). Não li essa coluna, ainda não. Mas, a Bíblia é um livro sério
que tem de tudo: tem fantasia, tem coisas sérias, tem cenas de sexo, estupro,
tudo! A Bíblia é tudo isso. O que menos tem na Bíblia é o povo rezando. No
Velho Testamento tem um Deus extremamente vingativo, e, no Novo, um Deus light.
Antes de enfrentar o Deus do Antigo Testamento, eu preferia enfrentar o demônio
mesmo.
SUPERPAUTA – Deixe um
recado para quem ler essa entrevista.
MOACY – Vamos
conhecer Caicó!
Bob Man, ficou chicodoidamente perfeita a entrevista. Parabéns a Moacy pelo trabalho como escritor e acadêmico, e também pela franqueza e paixão com que trata as suas origens. Um abraço, e vou replicar no Bar de Ferreirinha, onde Moacy tem cadeira cativa: seja como leitor, seja como eventual colaborador. Falô!
ResponderExcluirBob Setnof
Mais uma vez, os dois "Robertos", Homem e Fontes, deram um show, parabéns...! E claro, o entrevistado também...
ResponderExcluirObrigado, Julião. É bom lembrar que a entrevista que fizemos com você continua disponível - como todas as outras mais de 100 - no blog do Zona Sul. http://zonasulnatal.blogspot.com.br/2013/10/entrevista-valdir-juliao_11.html
ExcluirRoberto Homem
Figuraço esse Moacy Cirne, primo/irmão/gêmeo de Chico Doido de Caicó lá de São Saruê. Pedaços de um poema de Moacy louvando Caicó. “A cidade, de pedra em pedra/, constrói o branco/ de seu silêncio limpo fugidio/ A cidade, de festa a festa/, recolhe os frutos/ da noite que, sant'ana, se faz julho/.”
ResponderExcluirGrande Moacy! Sempre de bermudas, lembro de um dia na abertura do 1º Encontro Potiguar de Escritores (em 2008), ele foi inesperadamente barrado na porta de entrada do evento, e veja que era um dos palestrantes para falar sobre o poema-processo. Indignado, disse: “O fato é que eu não esperava que um encontro de escritores, com a presença de poetas, fosse regido por normas burocráticas”. E retirou-se vestido com sua velha e surrada bermuda!
ResponderExcluirRH, dê um abração nesse cabra por, diz que é do CABRAL!
ResponderExcluirA ultima entrevista de Moacy Cirne foi dada aos brilhantes jornalistas Roberto Homem e Roberto Fontes. Ontem o poeta se despediu, aos 70 anos.
ResponderExcluirMuito boa a entrevista e, agora que Moacy foi ao encontro de seus antepassados, bem que vocês podiam procurar Ney Leandro para ele contar o resto da história de Chico Doido de Caicó. Minha terra, inclusive, é uma terra de doidos; os melhores do mundo.
ResponderExcluirMarcos, até já entrevistamos Nei Leandro de Castro. http://zonasulnatal.blogspot.com.br/2010/02/entrevista-nei-leandro-de-castro.html
ExcluirMas Chico Doido de Caicó não entrou na pauta da conversa.
Um abraço
Roberto Homem